quarta-feira, 29 de maio de 2019

Corpus Christi

A Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo é numa linguagem litúrgica uma duplicata da quinta-feira, quando a Igreja celebra a instituição da Santíssima Eucaristia. Não é uma repetição, embora se celebre solenemente a instituição, o enfoque aqui é outro, é a manifestação pública da fé na presença real de Jesus Cristo nos alimentos eucaristizados, pão e vinho na aparência, Jesus Cristo na substância.

A adoração que se presta ao Mistério Eucarístico é sempre um ato da fé que decorre da celebração litúrgica deste sacramento. A eucaristia celebrada, recebida em comunhão, verdadeiro alimento dos que creem, também se destina a adoração piedosa e fervorosa dos fiéis; como consolo e companheiro dos doentes e moribundos. Por isso, depois de celebrar a eucaristia, o ato de piedade mais importante é a adoração ao Santíssimo. Daí decorre também, segundo o cerimonial da Igreja, que a Hóstia Santa que se adora na procissão do Santíssimo na Solenidade de Corpus Christi, deve ser consagrada na missa própria da solenidade.

O Mistério da presença de Jesus Cristo na eucaristia move o coração dos fiéis ao encontro pessoal com o próprio Deus. A eucaristia possui tudo porque é presença sublime de Deus, por isso, os atributos divinos devem ser reconhecidos com uma homenagem sincera de fé e de piedade. O amor, a graça divina, a misericórdia, as consolações, corpo, alma, divindade, onipotência, enfim, presença. A eucaristia é memorial do sacrifício da cruz, antecipação da glória futura, e, sobretudo, PRESENÇA.

A procissão do Santíssimo Sacramento é uma manifestação pública da fé na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. A importância desse dia solene ultrapassa as manifestações pessoais de piedade, então a adoração ganha maior significação quando neste dia, única vez do ano, o Santíssimo sai do templo para derramar muitas bênçãos sobre todos quantos desejarem. É por isso que a procissão se faz depois da comunhão e termina com a benção do Santíssimo.

“Eucaristia, Sacramento da Caridade”. Este título, expressa e resume a eucaristia em sua totalidade. Quando Cristo instituiu a eucaristia também instituiu o mandamento do amor, e não podia ser de outro modo, pois não se separa a graça da eucaristia, do amor que o evangelho nos convida a ter uns aos outros.

A eucaristia é o próprio amor feito entrega e quem a recebe também se torna portador desse amor. Não se come a eucaristia para viver no egoísmo, no isolamento, na indiferença, no comodismo. Na liturgia da eucaristia, cuidamos dos mínimos detalhes. Nenhum fragmento deixamos se perder. Cercamos de máximo cuidado o Corpo de Cristo.

O mesmo Senhor, também é presença na Palavra, na comunidade, no irmão que necessita de nosso amor, então nosso cuidado “excessivo” para com o Corpo de Cristo deveria ser coerente com estas outras presenças.

Pe. Raimundo José
Assessor Diocesano de Liturgia




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