A
Diocese de Parnaíba recebeu, com surpresa e profunda tristeza, a nota de
falecimento de seu Bispo Emérito, D. Joaquim Rufino do Rêgo, ocorrido às 14h e
30min de sábado, dia
10 de agosto de 2013, em Teresina, onde se encontrava em tratamento intensivo
de saúde há sete meses. Às 23h e 15min do mesmo dia, seu corpo chegou à
Catedral de nossa Diocese, consagrada a Nossa Senhora Mãe da Divina Graça, onde
passou a ser velado. No domingo, às 11h, na
mesma Igreja, presidi a celebração da Santa Missa em
sufrágio de sua alma, que contou com a participação de muitas pessoas,
inclusive familiares seus. Foi uma experiência muito difícil, em virtude do meu
estado emocional, e até precisei evitar a pregação. Mais tarde, às 16h, também em
nossa Catedral, teve início a Celebração Eucarística Solene, presidida por D.
Alfredo Schaffler,
Bispo de nossa Diocese, concelebrada por vários Bispos e pelo Clero Diocesano e
da qual participaram religiosos e religiosas, inúmeros fiéis leigos e leigas,
familiares de D. Rufino e algumas autoridades. Ao término da celebração, os
Bispos realizaram a encomendação. Em seguida, sob forte comoção e aplausos dos
fiéis que lotavam a Catedral Diocesana, o corpo de nosso querido e estimado D.
Rufino foi sepultado em local especial na própria Igreja.
Gostaria
de expressar aqui os meus sentimentos de gratidão a D. Rufino, que me encontrou
em 1986, no Seminário Maior Sagrado Coração de Jesus de Teresina, quando já terminara
meu Curso de Filosofia e iniciava o de Teologia. Por ele, fui ordenado Diácono
na Catedral de Parnaíba no dia 12 de outubro de 1990. Em 19 de janeiro de 1991,
numa noite de ‘intenso inverno’, com a Praça da Matriz de Cocal repleta de
fiéis, na presença de 24 padres e pela imposição de suas mãos, fui ordenado Padre
– o primeiro da cidade. D. Rufino, muito feliz e alegre – como era próprio de
sua pessoa –, agradeceu à minha família e, como ‘prêmio’, nomeou Pe. Estêvão
Mitros como Pároco da Matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Cocal. A
Praça da Matriz lotada de fiéis ‘estremeceu’ de alegria. Na ocasião, convidou-me
a morar com ele por seis meses, confiando a mim – juntamente com Pe. Tiago,
CSSR – a Pastoral da Juventude do Zonal Norte. No dia 11 agosto de 1991 nomeou-me
Administrador da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Pedro II. Entre
outras recomendações, pediu-me para animar as Comunidades Eclesiais de Base
(CEBs). Em agosto de 1996, enviou-me a Roma para que pudesse aprofundar meus estudos.
Conquistado o título de Mestre em Teologia, retornei ao Piauí em janeiro de
1999, quando, então, designou-me para servir no mesmo Seminário onde havia estudado,
lecionando e colaborando na formação dos seminaristas.
De presença
sempre alegre, amiga e compreensiva, D. Rufino era fascinante ao falar de Deus
e da beleza do sacerdócio. Ao pregar no retiro, em sua casa, antes de minha ordenação, ensinou-me que o
padre deve ser bondoso, amigo de todos e amar o povo, qualquer que seja o local
para o qual a Igreja o envie.
Sua missão
como nosso Pastor foi a de servir, cuidar, e amar o rebanho de Cristo com amor
total e sem medida. Em reunião com os padres, algumas vezes ‘chorava’ quando
sabia que algum fiel era destratado na paróquia. Gostava de nos visitar informalmente
nas festas de Padroeiro e nos fazia sentir à vontade. Suas virtudes eram tantas
que passou a ser chamado, muito apropriadamente, ‘o Bispo do Coração’ – até
porque, na Sagrada Escritura, o coração é a sede do amor e dos sentimentos da
pessoa. Como disse Pascal, “o coração tem razões que a própria razão desconhece”.
D. Rufino soube integrar “coisas novas e velhas” (Mt 13, 52) na evangelização
do povo de Deus.
D.
Rufino foi também o Bispo das vocações; prova é que, por onde passou, ordenou
vários padres e criou novas Paróquias. Gostava de ver os padres, religiosos, e
os leigos (as) em Assembleias Pastorais, refletindo sobre a renovação da Igreja
ocorrida no Concílio Vaticano II, sob a inspiração do Espírito Santo, e aplicada
na América Latina (Encontros de Puebla e Medellín). Fazia ecoar a Boa Notícia
do Reino de Deus a todos! Deixa-nos, portanto, neste “Ano da Fé”, um legado
exemplar como ‘luminária’ a nos guiar no seguimento e discipulado de Jesus
Cristo, que ele viveu com amor, entusiasmo e ardor missionário. Sua memória
ficará entre nós e será lembrado por muitas gerações como um homem de Deus e
dos homens, de grande carisma, ternura e bondade.
D.
Rufino entrou para a eternidade após
longo tempo de alegrias e sofrimentos, no qual sempre se manteve alegre e
confortado pelo bom Deus, que a todos consola nas tribulações. Agora, ele
recebe do Pai o prêmio, pelos méritos de seu Filho Jesus, junto à Maria, a Mãe
da Divina Graça, cuja festa, que ele inovou a partir da fixação de sua data em oito
de setembro, cresce a cada ano. Rezemos pelo seu eterno repouso!
Pe Siqueira.